30.7.05

apetece-me gritar no silêncio da minha vida.
correr em direcção à saída, em direcção a um futuro assustadoramente próximo.
mas corro em espiral, com um grito entalado nas cordas vocais, percorro a espiral da vida, e no entanto não avanço. apenas faço crescer, crescer a altitude, crescer a dor, sofrimento, raiva.
as pernas já doem, estão a desfazer-se. começa nos dedos dos pés, a gelatina óssea enraíza-se no meu corpo.
em breve chegará.
em breve todo o meu cérebro irá liquidificar, dentro do meu crânio, como se uma varinha mágica entrasse pela minha orelha, acabasse com todo o ruidoso som, o silêncio seria a música de fundo do meu fim.
embalaria o meu corpo, flácido e gorduroso.
o meu sumo cerebral forrará o cetim do meu caixão.
dentro dele apenas as minhas cores.

Sangue, Noite e Paz.