13.1.05

socialmente dispensáveis

vocês.
sim vocês!
suas cobras.
aquelas que só quero ver
afogadas num mar.
um mar do vosso próprio sangue.
um mar do vosso próprio sangue impregnado no vosso próprio veneno.
que fede pela sociedade.
que enoja as não víboras.
o vosso veneno!
que atinge e mata
os mais fracos,
que encandeia o cérebro
dos ratos.
ratos eles que transmitem
o vosso fedido veneno.
verde.
a cor que mata muitos
que o desejam e o amam
que matam pelo cheiro e sabor desta cor.
que pertence ás víboras.
essas cobras que rastejam
aos nossos pés
mas que chegam onde muitos de nos não chegam.
exercendo um reinado de morte.
envenenado e consumido pelos ratos.

5.1.05

desespero

esmagada,
apertada,
seca.
como uma esponja ao sol à um ano.
seca como a areia do deserto.
gelada.
como um iceberg.
bloco gelado.
que embate num navio
que o faz afundar.
arrastando uma massa viva.
imergindo.
depositando.
no fundo do oceano
na escuridão profunda.
e deixando emergir.
dor,
raiva,
sofrimento, gritos afogados no vazio.
calados com a dor.
a dor, o sofrimento.
que rasgam a pedra mais dura.
que queimam o aço mais frio.
que mordem a dura capa.
que abafa o sentimento.
escorrendo:
ódio,
amargura.
prensando o sangue encarnado
o sangue da paixão.
que borbulha no oceano.