18.5.05

"Deixa correr a caneta"

pois, é fácil falar.
quem me diz isto não acorda todos os dias a pensar em coisas fúteis como eu.
a pensar: o que vou vestir? como estará o tempo? mais uma borbulha?
Fodasse
vidinha de merda. sem direcção.
sem ser isto, de manhã, ao acordar só consigo pensar em amor, ou em algo tipo: sexo
e penso: como seria bom se me vira-se e estivesses aqui. na minha cama morzão.
assim, o dia poderia começar perfeito.
aí poderia deixar correr a caneta
mas com esta vidinha de casa-escola; escola-casa. com umas idas ai cinema e ao teatro pelo meio.
assim não vou a lado nenhum.
assim não há caneta que aguente.
com esta monotonia não escorre tinta no meu corpo. apenas amor e pensamentos obscenos circulam na minha alma.
quero mais acção.
menos imaginação.

3.5.05

gritem

falhada...
sim, é isso
é mesmo isso
falhada.
a única palavra que me define plenamente
define-me e
rege,
conduz.
e escurece a minha existência
uma existência reles,
básica.

básica?
não, não chega a isso
muito pior
muito menor é a importância.
nada nem ninguém o vê.

sim.
eu sou uma falhada
porque não vêem isso?

até nisso sou incompetente
nem me consigo mostrar
tal como sou
tal como me sinto.

sim.
tu tinhas razão.
eu sou mesmo a tua vergonha
sim.
sou eu
falhada.
agora,
depois,
para sempre.

falhada.
aos teus
aos meus
e a todos os olhos.

todos o pensam.

todos o escondem.