3.7.07

E há o nada.

Não escrevo, não crio, não leio.
É a normalidade a crescer e a apoderar-se de mim.
O tic-tac doloroso e arrastado de horas de agonias várias. Triturado pelo assobio gritado daquela musica que me arrepia o coração.
O cheiro a gente demasiado normal com aquele tresandar de tédio vazio.
Noto que começo a feder. A normalidade a entranhar-se.
Molha-me, o líquido transparente por que havemos de matar. Arde-me nas feridas. As de dentro. As mais fundas.
Provo-te a vida, e digo-te que não gosto de a saborear.
Mas antes de a morder e mastigar, só para mais tarde a expulsar.
Vejo-te a fadiga. A cerveja ao lado do comando da televisão. E sentado contigo o Sr. Vazio.
Ambos a verem imagens despidas de tudo.
Há o descanso.
As cores pálidas e o cronometrado tic-tac condenador. Há luzes e vozes desprovidas de vida.
Há o tudo, mesmo solitário.
E há o nada.