30.7.05

apetece-me gritar no silêncio da minha vida.
correr em direcção à saída, em direcção a um futuro assustadoramente próximo.
mas corro em espiral, com um grito entalado nas cordas vocais, percorro a espiral da vida, e no entanto não avanço. apenas faço crescer, crescer a altitude, crescer a dor, sofrimento, raiva.
as pernas já doem, estão a desfazer-se. começa nos dedos dos pés, a gelatina óssea enraíza-se no meu corpo.
em breve chegará.
em breve todo o meu cérebro irá liquidificar, dentro do meu crânio, como se uma varinha mágica entrasse pela minha orelha, acabasse com todo o ruidoso som, o silêncio seria a música de fundo do meu fim.
embalaria o meu corpo, flácido e gorduroso.
o meu sumo cerebral forrará o cetim do meu caixão.
dentro dele apenas as minhas cores.

Sangue, Noite e Paz.

28.7.05

simplesmente assim

sinto. sabes que sinto.
não sei. sabes bem que não sei.
vou. sabes que quero ir. sabes que quero continuar. preciso boleia.
preciso de ti, preciso de mim.
mas. sei que não estou disponível.
necessito, de desligar. por agora. talvez para sempre. talvez para não voltar.

o sangue à muito parou.
a merda da luz está a encharcar-me a cabeça. as letras, essas putas já não acasalam na minha imaginação. tudo foi. será que volta?
não me parece.
o taxi da minha vida. à muito deixou de andar.
e nos meus bolsos, não existem moedas.
continuo a pé. apesar das bolhas.

27.7.05

voltei

no meu quarto, há um número elevado de coisas pretas.
velas, jarras, pulseiras, crateiras, os meus 3 pares de sapatilhas pretas..
enfim, uma lista não tão grande como eu queria que fosse.
roupas pretas, gato preto, só me falta a bem amada mobilia preta.

a camisola que me cobre o corpo pouco moreno, é também ela branca.
e eu sou o centro,
o centro do quarto,
porque eu sou a coisa mais negra que nele habita.
a luz escura da chuva entra pela minha janela, invade o meu coração.
uma mensagem recebida no meu telemóvel azul.

Sim, também te Amo

23.7.05

Chuva

by Lúcia Moniz

E agora diz-me se já decidiste
O tempo voa e a tua imagem ainda persiste
Ainda sinto a nossa chuva mágica a cair
Tens o tempo de um cigarro se ainda quiseres partir
É como andar no deserto,
Sempre tão longe e tão perto
Olho à minha volta,
o mundo é tão incerto
Quero-te dizer que não vai dar
Quero só saber se vens ou queres ficar
Eu sei que não vou partir sozinha
Sinto o vento, sinto a estrada, sinto o fim da linha.
Tudo passa, voa como folhas de jornal
Meia volta, pára como um carro no sinal.
É como andar no deserto,
Sempre tão longe e tão perto
Olha à tua volta,
o mundo é tão incerto
Quero-te dizer que não vai dar
Quero só saber se vens ou queres ficar
Quero-te dizer que não vai dar
Quero só saber se vens ou queres ficar
Se vais ou queres ficar…
Se vais ou queres ficar…



e então? queres ficar? espero que sim.

21.7.05

a simplicidade



do Meu Mundo!

17.7.05

(...)

encontro-me completamente farta.
sem nada para dizer.
a imaginação não flui mais no meu corpo.
as minha veias secaram.
o preto invade a minha roupa.
sem mais nada para dizer.

fica no ar um Adeus.

15.7.05

resposta:

para mim a felicidade não é nem pequenos momentos, nem a ausência de inflicidade.
felicidade é um sentimento muito mais complexo. só se sente quando tudo está 'feliz' dentro da nossa vida.



o armário da nossa felicidade tem as portas fechadas.
as roupas que vagueiam nos meus cabides não me servem à muito tempo.
as traças à muito corroem a minha existência, a minha imagem está cheia de buracos. pequeninos.
nas entrelinhas do meu pensamento viajam momentos.
em que tudo existiu.
tudo houve.
Tudo menos a felicidade externa e superficial.
que reluz em todos os rostos que passeiam por mim na rua da solidão

na rua todos falam
ninguém está só.

mas no armário, as traças comem a roupa de todos os sorridentes superficiais.

e o teu sorriso?é profundo?

8.7.05

uma pergunta para todos

pergunto directamente a todos os que visitarem o meu solilóquio

és feliz?


o que é a felicidade?

gostava que todos respondessem.

4.7.05

mundo:

30 mil crianças

morrem por dia em África

Culpada: a fome

1.7.05

sinto:

um cilindro envolve o meu corpo.
a água sobe
cada vez mais

ela está na minha boca.
sabe a ferrugem
é gelada.


tens só alguns centimetros até ela me apanhar.

a morte espera-me desde o momento em que fui feita.

queres salvar-me?
tira a rolha.