25.8.05

material:
*braço esquerdo
*agulha
*vela



24.8.05

acontece

cicatrizes,
hematomas,
sangue,
cortes,
objectos.

alma,
corpo.
dor,
morte.

Sangue, sangue, sangue
vermelho, encarnado, Coagulado.
escorre do canto, da boca, entreaberta, língua imóvel, enrolada, ensanguentada, espetada entre caninos que ladram à lua avermelhada pelo fogo.

marte, Morte, morta
branca, roxa, negra, Pálida, serena.

água, sangue, Água, saliva, água, lamina, água, pulsos, Água quente.
Água ou sangue?

que importa.
Cetim, pinho, cruz, marmore, flor, chave, velas em copos vermelhos.

água, dor, Água, amor, água, chama, água salgada.

terra, Corpo, Carne morta.

20.8.05

ligando pontos

Lua cheia
Vento forte
Estrelas discretas.
o frio varre a alegria da rua.
alcoolicamente alegrada pelo principiar do fim da semana.

Vela roxa
Ar calmo
Luz bravia e pouco abrangente.
está quente a minha cama.
num sono frio receio.
a água, o chão, o Homem da praia.
Roubei-lhe a capa preta. com o grande capuz me abriguei do mundo Terra em que me sento. planando como sonhando. Parti. para o meu mundo onde me deito. a ponte não pode partir.
um vasto Universo e dois mundos me esperam.


Posso passar?


Foto: Mark Freedom

19.8.05

estou farta...
desisto de tudo...

canetas
lapís
pincéis
telas
cadernos

o fogo, sorrindo interiormente vai consumir todas as minhas veias..

morri?
não. apenas Desisti

12.8.05

fraca

fraca.
já nem força tenho.
cobarde.
já nem coragem tenho para fazer o que tem que ser feito.
expulsar
cortar
rasgar
espichar
sangue, pele, carne picada.
pequenas nascentes
que jorram para dentro.
o volume vai aumentando.
já lhe sinto o sabor ferroso.
inconfundível sabor.
cheiro nostálgico,
moribundo.
cheiro seco que me humedece os lábios.
pinga, voltando ao inicio.
ajuda-me a quebrar o nojento ciclo.

4.8.05

lembrando

Parabéns Frias. pelos 18 anos que não chegas-te a conhecer.

para sempre nos nossos corações

3.8.05

agora

as lágrimas escorrem invisíveis pelo meu rosto.
o depósito de sofrimento não baixa.
é necessário.
se-lo-á sempre.
que o sabor a sangue seja apreciado pela minha pele.
a salgema do meu peito jamais derreterá.
a secura das minhas palavras jamais poderá ser regada com o néctar da minha alma.
pois a minha alma não me pertence.
arranqueia a sangue quente.
sangue que borbulhou num tacho, dias e dias. até secar todas as artérias.
Paralisei.

e agora aqui. Sinto
no meu corpo já não há espaço.
a pena de mim própria tomou conta do meu invólucro.
já nem o cheiro sinto.

Paralisada em pensamentos.
assim vivo, ou Sobrevivo.

2.8.05

confissão

sou hoje uma sombra do que fui no passado.
e eu gosto.
quanto mais negra.
melhor!