25.4.06
8.4.06
Fome
Apetece-me e
Apeteces-me.
Tu sabes que sim. Nunca te escondi isso.
Sabes a fome que tenho.
Sabes como posso mata-la.
Sabes acalma-la.
Peço-te, deixa-me comer por favor. Mas tira-me todos os talheres, todos os pedaços de carne. Crua.
Fome.
Fome de ti e de mim.
Fome saciável e fome proibida.
Fome que se prende no céu da boca, como as óstias pecadoras das biatas.
Fome que me dilata o estômago numa náusea moribunda e desesperada.
Fome que me contrai a vontade e o desejo.
Fome que só morre farta.
Fome que só o toque trata.
Fome que só o teu beijo mata.
Apeteces-me.
Tu sabes que sim. Nunca te escondi isso.
Sabes a fome que tenho.
Sabes como posso mata-la.
Sabes acalma-la.
Peço-te, deixa-me comer por favor. Mas tira-me todos os talheres, todos os pedaços de carne. Crua.
Fome.
Fome de ti e de mim.
Fome saciável e fome proibida.
Fome que se prende no céu da boca, como as óstias pecadoras das biatas.
Fome que me dilata o estômago numa náusea moribunda e desesperada.
Fome que me contrai a vontade e o desejo.
Fome que só morre farta.
Fome que só o toque trata.
Fome que só o teu beijo mata.
7.4.06
Conversas com um cacto
passo horas no meu quarto
semi-deitada na cama.
a olhar para o espelho que continua ainda inteiro.
e para o intervalo entre as minhas mãos.
passo uma garrafa de água.
com 33cl.
cheia até cima com água da torneira.
Direita
Esquerda
Direita.
sigo-a com os olhos
a abanar-se pelos meus dedos.
gorda, com formas definidas.
vestida por um rótulo que lhe tapa apenas as ancas.
o meu cacto observa-nos.
a mim e à garrafa de água da torneira, que dança e dança e dança.
quase que o ouço pronunciar, das suas folhas aflitivamente verdes:
"Dá-me a tua mão e vamos ser alguém. A vida é feita para nós."
um dia vou sugar-lhe a seiva e usar a terra do vaso para o enterrar, desta vez sem um único milimetro à superficie.
a água servirá para o regar, apodrece mais rápido com água da torneira.
por enquanto continua a degenerar, alimentado pela água da torneira e pela música que me penetra a pele.
Direita
Esquerda.
semi-deitada na cama.
a olhar para o espelho que continua ainda inteiro.
e para o intervalo entre as minhas mãos.
passo uma garrafa de água.
com 33cl.
cheia até cima com água da torneira.
Direita
Esquerda
Direita.
sigo-a com os olhos
a abanar-se pelos meus dedos.
gorda, com formas definidas.
vestida por um rótulo que lhe tapa apenas as ancas.
o meu cacto observa-nos.
a mim e à garrafa de água da torneira, que dança e dança e dança.
quase que o ouço pronunciar, das suas folhas aflitivamente verdes:
"Dá-me a tua mão e vamos ser alguém. A vida é feita para nós."
um dia vou sugar-lhe a seiva e usar a terra do vaso para o enterrar, desta vez sem um único milimetro à superficie.
a água servirá para o regar, apodrece mais rápido com água da torneira.
por enquanto continua a degenerar, alimentado pela água da torneira e pela música que me penetra a pele.
Direita
Esquerda.